sábado, 31 de maio de 2014

Reflexões pré-copa e previsão sobre as oitavas de final

Reflexões pré-copa e previsão sobre as oitavas de final


         Nas vésperas da Copa do Mundo de 2014, vemos uma visão positiva sobre o nosso futebol e comparações com seleções anteriores, apesar de que não vejo que a Copa das Confederações seja padrão de comparação. Já falei que assim procede Felipão, filosoficamente, ao notarmos seu poder essencialista: “Penso: logo o time existe”. Também que pouco se fala do fiasco da Copa de 2010, e de muitos jogadores que lá estava, voltarem na presente competição. Ademais, não é difícil de fazer uma previsão sobre quais times estarão nas oitavas de final, apesar de a ordem de primeiro e segundo nas chaves talvez ainda ser uma incógnita. Também nos leva a crer em uma “mais valia”, naquilo que a seleção e todos lucram, exceto o povo trabalhador, o que resulta nas manifestações.

         Mas é com sofrimento que uma árvore cresce, já lembrava pensador alemão Friedrich Nietzsche. E o que não mata deixa mais forte. Se a seleção perdeu as últimas Copas do Mundo, talvez seja para que renasça das cinzas e feito fênix mitológica alcance a plenitude. Claro que a nossa esperança reside na crise de outras grandes seleções, e em craques não renderem tanto nelas, como já ocorreu com Cristiano Ronaldo na de Portugal e Messi na da Argentina. Isso sem falar em perdas de atletas em outras grandes seleções, por lesões e motivos que os tirem de campo. Surge porém uma forte Bélgica e uma Alemanha que ainda tem um esquema muito bem organizado, independente de perdas de atletas.


         Sobre quem será os adversários na fase eliminatória, ou nas oitavas, já se faz um prognóstico, colocando-se as grandes lá. Pois a fase de grupos ficou tranquila, exceto o grupo chamado da morte, que envolve Chile-Espanha-Holanda. A Espanha de base Barcelona, a Holanda com sua força tática de sempre, e o Chile com seus talentos individuais. Essa trindade de Grupo B parece que pode nos revelar algo ainda hermético. No mais tenho algumas exceções para quem chega nas oitavas. Retirando as seleções africanas, uma vez que lá vejo futebol desorganizado, apesar de grandes talentos, e colocando uma seleção oriental nas oitavas.

Vimos na pré-copa uma série de comparações, em especial com Marcelo, haja vista sua participação brilhante na final com Real Madrid. Porém o jogador é reserva do time e quem joga em sua posição é Coentrão. Compararam Marcelo com Roberto Carlos, apesar de eu não ver um estilo de jogo parecido, e nem com Branco, outro que fizeram um paralelo. Roberto Carlos era pura força física, e potente chute, já o Marcelo tem mais drible e corrida. Já Branco era bom em armação e cobrança de falta. Afinal, não temos bom cobrador na seleção, talvez ficando Hulk nesse papel. Do mais não se vê comparação de Neymar com Romário, e nem com Ronaldo fenômeno, uma vez que estes dois últimos eram gênios e constantes, marcadores de gol mesmo.
Já nas oitavas de final podemos seguir a presente tabela:
Brasil
X Holanda
Japão
X Itália
França
X Bósnia
Alemanha
X Rússia
Espanha
X México
Inglaterra
X Colômbia
Argentina
X Equador
Bélgica
X  Portugal


Dessa minha predição, desse oráculo, coloquei a seleção do Japão, que já teve ótima apresentação na última Copa, e as oriundas de URSS, no seu comunismo futebolístico, e ainda nas latinoamericanas, que agora compensariam o fiasco da Copa de 2010. De resto pode apenas ficar a ordem trocada. Coloquei Japão pela escola de Zico por aquelas terras e de seu futebol de velocidade e ataque. O mesmo se pode dizer da Rússia, que já revela bons craques e que tem certa regularidade. A Bósnia pode ser uma surpresa, mas não vejo nas seleções africanas ainda uma evolução de esquema tático, haja vista jogarem muito soltos e sendo fracos na marcação. O futebol pós-moderno é tático e de marcação, não mais de meros talentos individuais.  Assim haverá surpresas, não apenas ficando na promessa, uma vez que o futebol vem tendo transformações, numa verdadeira aporia ou ideia sem saída. O mundo platônico não vale tanto no campo, mas vem sim um materialismo desfalcar as esperanças. 

quarta-feira, 7 de maio de 2014

Convocação e seu aspecto filosófico




Convocação e seu aspecto filosófico






Felipão usou de temperança ao convocar jogadores. Não modificou muito, e em muito manteve as escolhas já presentes em Mano e em Dunga. Usou de uma linha além da platônica, mais aristotélica, unindo o ato a potência. Ele fez um cogito, “penso: logo o time existe”. Não se deixou influenciar por achismos e opiniões. Se assemelhou a Sócrates em um julgamento, quando foi o único a votar contra. Mas, a base do time agora foi de maioria de jogadores de equipes europeias, o que não é ruim, uma vez a crise interna de nosso futebol. Não temos mais aquelas estrelas de outrora, mas assim nosso time começa com mais humildade. Não se compara a Copa de 2002, apesar do “professor” querer ver comparação, uma vez que lá tinha o Fênomeno, e muitos craques, de incrível desempenho. Hoje temos um time de mais craques na zaga e meias, o que é outra dimensão. Nosso time é mais marcador.

 


Quando vi os jogadores, pensei: “já sabia”. Não houve nenhuma surpresa e fora uns três atletas, do mais vemos muito que já montou Mano e Dunga. Também vemos uma sombra do time da Copa de 2010, e assim teremos de ver se a equipe usa mais de sua “Vontade de Potência”, lembrando ensinos de filósofo Friedrich Nietzsche. Essa convocação foi de uma certa ataraxia, onde se conformou o treinador com o time que tem. Não deseja nenhum além mundo, e nem algum céu ideal, mas entende pronto para ganhar a Copa com essa equipe. Ele se tornou um materialista histórico, vendo na seleção brasileira um “socialismo científico” do futebol, sem classes e sem preferidos.



Notamos assim aqueles jogadores que já trabalham de forma equilibrada em suas equipes, e que mantém alguma regularidade. Jogadores como aqueles do Chelsea mostram qualidades, apesar de talvez não serem grandes estrelas como os Ronaldos. O que quebra um pouco é o goleiro, que vinha meio sem a regularidade de jogos, mas que nos reserva um herpismo, um impulso idealista, quase hegeliano. Vemos nele um retorno do espírito ou daimon de Tafarel, e assim podemos esperar um bom trabalho de Julio Cesar. Pelo nome e sua mensagem de poder, já temos alguma segurança. Jogadores novos como Bernard, podem reservar alguma surpresa, haja vista o espírito leve e tranquilo de se jogar, molecagem que às vezes fz falta em jogos. Também não vejo temor no time da Croácia, uma vez que não falamos daquele time da copa de 1994, que era bem outro.


 
 

Fato é que em jogadores marcadores e marcados pela estratégia de times europeus, temos mais segurança na marcação e em alternativas de se furar barreiras dos adversários. Talvez não se concentre tanto em Neymar o sucesso de nossa equipe, mas mais em elementos surpresas no ataque, que podem inaugurar o placar e assim desestabilizar o adversário. Sabemos que temos vários elementos talentosos em nossa equipe, e se não temos mais o “quadrado mágico” de gênios do ataque, resta pelo menos um conjunto bom de marcação e estratégia. A equipe assim ganha mais opção, apesar de não ter nenhum salvador. E a convocação não foi das melhores, mas foi a que se tinha acesso e possibilidade. Com a falta de gênios, não podemos mais garantir como no tempo de Pelé, Garrincha e tantos outros, onde havia uma seleção genial. Temos essa seleção de trabalho, proletária e que por fim pode vencer a burguesia europeia, mesmo que apenas no campo.